"Amanhã quero ser invisível, para toda a gente"



Hoje, deitei-me na cama, estava cansado do dia… Apesar de estar de férias, também me canso. Tinha sido muito divertido, mas ao mesmo tempo, muito cansativo. Deitei-me, e não consegui dormir. Levantei-me, abri a persiana do meu quarto, e pus-me a olhar para as estrelas. Reparei que umas brilhavam mais que outras, pensem que fossem a importância que elas tivessem para mim, mas achei ridícula a ideia. Peguei num papel, e escrevi: “Tenho um desejo: Amanhã quero ser invisível, para toda a gente” Pensei que Deus me desse atenção, no mínimo, naquela noite, e no dia a seguir. O passado não tinha sido muito confortável, problemas em todo o lado, quer na amizade, quer na família, até acho que já não sei sem um bom amigo, mas adiante… Fui dormir, pareceu-me de imediato que era desta que eu adormecia. Encostei a cabeça na almofada, virei-me para um lado, e… puff, adormeci.
Chegou um novo dia, levantei-me por volta das 10h30 e fui até à cozinha, e deparei-me que todos já estavam a tomar o pequeno-almoço. Achei estranho não me virem acordar, porque afinal, também faço parte da família, apesar de muitos problemas que hajam. Estavam ás gargalhadas, o que ainda achei mais estranho… Sentei-me, e ninguém me disse um “Bom Dia" ou o que quer que seja, enfim, ignoraram-me. Fui comendo, fui bebendo o leite que já estava meio frio, mas também, não estava com apetite de me levantar, e então, assim o bebi. Caiu-me mal, mas que se lixe… O apetite de viver, já não é muito. Levantei-me… A minha mãe, nem sequer perguntou se eu tinha gostado, mas pronto, *aguei.
Fui fazer a minha cama, outra coisa que não é normal. No momento que peguei na almofada, para coloca-la no armário, vejo um papel amachucado. Lembrei-me! Era o papel que eu tinha escrito ontem… “Será que foi por isso que não me falam? Será que é por isso que ninguém me dá os bons dias?”, foram algumas das perguntas que me surgiram pela cabeça. Porra, aleijei-me na cama, trilhei o dedo. Gritei, a pedir ajuda, porque aquilo estava roxo, e ao mesmo tempo, o sangue escorria mais. Ninguém me acudiu. “Mas afinal, eu existo?”, outra pergunta que girou por completo a minha cabeça, que mais parecia um livro de perguntas sem respostas.
Parecia que me tinham trocado pelo Xico, o cão de lá da casa, que até o prato deles meteram no chão para o cão comer, por amor de deus. Parece que o desejo, estava mesmo concretizado, até mesmo eu achar estúpido, mas era o que eu tinha pedido, assim tinha de aguentar com as consequências. Saí á rua, estava farto daquela casa.
Surgiu-me várias coisas na cabeça… “Roubar? Fugir? Matar?”
Tanta coisa que passou pela minha cabeça, que o que decidi foi mesmo fugir, desaparecer… Passei o dia a caminhar, com os meus phones nos ouvidos, e a caminhar por avenidas e ruelas desconhecidas. Chegou o fim do dia, começou a escurecer. Não sabia onde ficar… Encontrei uma barraca ali no meio, e decidi ficar ali, mesmo com um pouco de medo do que pudesse acontecer. Os grilos eram irritantes, apetecia-me matá-los um a um, porra, que nervos. Lá adormeci, enrolado nuns cobertores todos esburacados que ali estavam… A almofada? Era a minha camisola enroscada.
Chegou um novo dia.
- Quem és tu?
Um velho, e pobre velho que pareceu-me que também ali morava, questionou-me ao que eu lhe respondi, com medo:
- Sou… Sou… Sou o Henrique. Desculpe estar aqui, mas é que eu anteontem, pedi um desejo, mas ao vive-lo, detestei. Era ficar invisível… E hoje, parece que estou em carne e osso. Vou voltar p'ra casa, talvez estejam preocupados comigo.
Pouco falamos, mas decidi logo vir embora, parecia meio bêbado. Cheguei a casa, todo sujo… Todos (sim, todos!), estavam preocupados comigo. Perguntaram-me onde tinha dormido na outra noite passada, onde andei, e porque é que só cheguei hoje. Expliquei-lhes aquilo, e eles riram-se na minha cara. Subi as escadas, fui para o meu quarto. Fechei-me lá. À noite, antes de me deitar, fui à janela, e escrevi num papel: “Arrependo-me de ter feito o que fiz. Por mais que a minha vida esteja mal, o ‘desaparecer’ não é a melhor opção. Prefiro continuar a viver.”

Viver, sempre é a melhor do que desaparecer, ou tornar-se invisível.
Por isso, vive como se hoje, fosse o teu último dia *

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3 Responses to “"Amanhã quero ser invisível, para toda a gente"”

sof disse...

amo a moral da história :)

Anónimo disse...

Joaozito, tens aqui um erro

' já não sei sem um bom amigo, '




sinceramente, como estou hoje, e com tantas coisas acontecer..
Apetece-me mesmo desaparecer.
Fugir.. ficar invisível para que ninguém me possa chatear.

- disse...

Amei, amei, amei *-*