Silenciosas Ruas

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As ruas estão vazias. Vou vagueando entre a berma do passeio e a estrada. As lágrimas escorrem-me pelo rosto sem fim. Não sei o que fazer. Volto para trás e bato-te à porta ou sigo em frente com a minha vida? As razões são variadas o suficiente para me enlouquecerem. Preciso de me mudar, preciso de conhecer sítios novos, pessoas novas, estou cansado desta rotina inexplicável. Cansado de ti, de mim, cansado… de nós.
Os faróis dos carros atravessam o meu próprio olhar, como só tu eras capaz. É impossível não saber que alguma coisa se encontra mal aqui. Serei eu. Serás tu. Não podemos ficar. Os carros calcam as poças, como só tu me conseguiste calcar depois de tudo. De tudo o que eu pensei que fosse verdade. De tudo o que eu era e já não sou.
As chaves de casa caiem-me ao chão. Algum sinal? Alguma esperança? A única esperança será apanhá-las e entrar em casa. Descalço um sapato e com o outro pé descalço o que resta. Tiro o casaco e deixo-o cair no chão. Não quero saber. Estou cansado. Deito-me na cama como se tivesse corrido meia-maratona. Esqueci-me de fechar a persiana e a lua reluz só para mim. A lua consegue ser a minha única fiel amiga. Sei que dela não me cansarei.
O vento bate na minha cara, mesmo com o cobertor sobre as minhas costas. Conto as estrelas que estão no céu e crio histórias. Se calhar também criei uma história em nós. Eras a personagem principal: A minha personagem principal. Já tínhamos um capítulo e decidiste deitá-lo fora como se de pequeno lixo se tratasse.
Voltei para dentro e enfiei-me na cama. Encostei a cabeça na almofada e relembro a saudade da minha mãe. Preciso dela. Aqui. Comigo. E sem querer… adormeço.