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Inevitável Tristeza

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Era uma vez um senhor de barbas longas e sem cabelo, era pobre e vivia num pequeno barraco, perto da costa de um mar. Passava os seus dia-a-dias, sentado à beira mar e a ver o que se passava em seu redor. Houve um dia, em plena tarde, quando saiu de sua "casa", deparou-se com um barco parado em frente à sua habitação. Ficou de tal modo assustado que decidiu ir procurar o seu dono. Tentou procurar por perto e foi ao farol que se encontrava a largos metros do seu barraco. O farol era abandonado, a sua luz era fraca e o seu estado era degradável. Entrou, a porta fechou sem ele ter dado um mínimo esforço. Uma luz vinha de lá de cima, pensou que seria a luz do dia e decidiu continuar. Começou a subir aquelas escadas em caracol, onde o silêncio era mútuo, e as escadas, por cada passo dado, fazia um pequeno guincho. Ao subir, encontrou uma porta que estava inabitável por dentro, e o que tinha lá dentro eram apenas teias de aranha e belas tralhas antigas de alguém que já devia ter uma certa e longa idade. Chegou ao topo, olhou em redor do espaço que havia por lá, e não viu ninguém. Deu a volta completa ao farol, e mais uma vez, não encontrou nem uma mosca. Decidiu sair de lá antes que arruínasse aquele farol inabitável, onde apenas o ar e a solidão viviam. Mal ao sair do farol, encontrou um homem. Ele era jovem, dar-lhe-ia uns vinte e cinco anos. Falou-lhe com medo:
- Boa Tarde! Está tudo bem contigo rapaz? Porquê esse estado? Entre essas ervas secas que o sol matou, essa terra sem vida animal, onde já nenhum insecto consegue habitar..
O silêncio foi a resposta do jovem. Tocou-lhe no ombro, e questionou-lhe:
- Desculpa! Está tudo bem contigo? Aquele barco, em frente à minha casa, é teu?
- Não sei, senhor.
- Desculpa?! Mas não sabes como? Estás só e abandonado? A minha casa é já ali, apesar de eu ser pobre, consigo viver do meu modo, sem problemas.
- Não sei senhor. - Repetiu ele mais uma vez.
O velho, de longas barbas, pegou no rapaz, trouxe-o para casa, e tentou ajudar. Vestiu-lhe uma roupa que tinha, antiga, de quando era jovem e aqueceu-o com um cobertor, onde os buracos eram a maior parte do pano. Deu-lhe de comer, era um comer que lhe tinha aquecido, pão com leite.
- Não quero senhor, o meu problema não é a fome, mas sim a família. - Pronunciou o jovem com ar triste mas firme.
- Vou-te contar uma coisa: Eu, quando tinha a tua idade, ou menos, tinha a minha família reunida, onde a alegria marcava todos os momentos. Depois disso, os meus pais faleceram. Desde aí, fiquei sozinho no mundo. Hoje vivo com a solidão em minha casa, onde a tristeza, é a maior visitante.. Essa? Está cá todos os dias.

Este texto foi a composição de um teste que fiz na semana passada. O máximo de palavras era 240, eu fiz 460. De 26, tirei 16, eheh.