Na escola, era conhecida como a menina rica da Secundária. Ela amava achar-se superior aos outros, e dizia que já tinha tido muitas relações, quando era tudo mentira.
Houve uma noite, em que Carolina estava a sair de casa, mal acaba de bater a porta, é puxada para dentro de um carro e levada para uma garagem onde ela desconhecia o lugar à sua volta. O que aconteceu? Carolina foi violada.
Passaram dias após essa noite, e na secundária criavam-se coxixos acerca da sua ausência, ausência da famosa Carolina.
Durante esses dias, semanas, Carolina encostou-se a um canto do seu quarto, e chorou... chorou.. e chorou. Pensou em tudo o que tinha feito de mal, a todos os seus colegas desde a primária até agora. Culpou-se de tudo e mais alguma coisa. Chegou o dia de ela dirigir-se junto de um médico, ela sentia voltas na barriga e vómitos. Sim, ela estava grávida. Foi a queda total... Carolina pensou em matar-se, mas não o fez, pensando no ser que ia nascer dentro dela.
Passaram-se meses, longos meses... Carolina já tinha ido à escola, andava sempre com a sua maquilhagem borratada, e já não se interessava por ser-se superior ou não.. Sentia-se como uma coitadinha. A barriga, a cada dia aumentava mais, era a criação do ser. Já tinha ultrapassado a fase de chorar, e agora, orgulhava-se da criança. Foi-lhe detectado um problema, a criança não tinha forças suficientes para ser posta ao mundo, tinha problemas de coração. Era rapaz, sim, escolheu-lhe o nome de Afonso.
Plena manhã de sábado, Carolina sente água a escorrer-lhe pelas pernas abaixo. A criança estava prestes a sair. Foi levada de urgência devido ao estado de problemas que o Afonso tinha.
Entrou na sala de partos. O barulho das máquinas atrapalhava-a e ela não se conseguia acalmar, via mais de dez pessoas entre médicos e enfermeiros. A criança nasceu, diagnosticaram-lhe problemas nos rins e no coração, precisava de um doador, sendo criança ou adulto, necessitava. Carolina, sem pensar uma única vez na sua vida, para trás ou como seria em diante, quis doar do corpo dela, tudo o que ele necessitava para puder viver bem e com saúde.
Carolina morreu numa fria tarde de sábado, onde o vento agitava fortemente, e as folhas das árvores voavam por entre as ruas. Afonso ficou com os avós, que souberam das coisas mais tarde, devido à sua permanência num país estrangeiro longe de Carolina. Carolina, não contou nada a ninguém e guardou tudo para si.
Passou-se uma década, passaram-se duas.. Afonso, com 23 anos, foi habituado a ritual que decidiu sozinho... Visitar a sua falecida mãe, todos os dias. Passaram-se mais uns longos meses. Afonso, de manhã cedo, levantou-se e dirigiu-se ao cemitério. Conversou com a sua falecida mãe, e disse-lhe: "Mãe, não sei se hei-de viver por mim... Se hei-de viver por ti. Desculpa-me de algum erro. Amo-te eternamente!".
Mal Afonso, saiu daquele estranho e misterioso cemitério, foi atropelado... Levaram-no para o hospital, e o resultado das máquinas foi: Pi, Pi, Pi, Pi, Pi, Piiiiiiii. Afonso morreu.
Nunca julgues as pessoas por fora. Carolina, mesmo achando-se superior a todos os outros, doou os seus órgãos ao seu filho, mesmo este não tendo um final feliz.